Beth não era só mais uma de batom vermelho e roupa justa. Nas ruas sujas com luzes débeis da cidade, seus olhos que fitavam o chão não davam a graça a qualquer um que passasse por ela. Assim era sua visão, como boa moça de família, olhando para o chão, escondendo seu lindo rosto de boneca que além de sua beleza, pouco dizia sobre ela. Porém, abaixo de sua cintura, seu quadril denunciava que Beth já era uma mulher. Mulher da qual tinha orgulho de si e que demonstrava, quase num impulso incontrolável, de reflexo humano, que se mexia de um lado para outro, deliberadamente, demonstrando assim o que lhe exuberava. Beth era a combinação perfeita do que enlouquecia a qualquer pai de família, ou aos moleques que jogavam futebol em sua rua. Mas mesmo Beth sendo musa dos cavalheiros, lhe interessava mais encantar alguém que primeiramente pouco lhe dava atenção. E assim fazia porque nem na cabeça mais maliciosa passava-se que dentro daquele corpo e naquela mente rodava-se um filme de pura Luxúria, por assim dizer: Pecaminoso. E isso era algo que Beth conhecia bem. Conhecia por que toda vez que passava em frente à porta de Ana sabia que tudo que ela conhecia de nada adiantava para o nervosismo que ela sentia. As pernas bambas, o suor nervoso, o bater dos saltos firmemente no chão, mas a euforia que lhe tomava os sentidos, não lhe cegava a mente. Beth sabia bem o que lhe era esperado considerando a visão da sociedade perante tal situação. Beth era beata, mas só aos domingos, quando ia com a família a igreja. Um pouco antes, no sábado à noite, era no confessionário de Ana que ela se fazia ouvir. E fazia isto bem alto. Os vizinhos de Ana que pensavam em reclamar logo se acalmavam. Quem iria calar o som de uma Deusa? Que fazia o que bem lhe dava na cabeça, enquanto seu corpo era só ferramenta nas mãos de Ana. Mãos que agilmente não só lhe proporcionavam prazer, como lhe cobriam de mimos e agrados, cuidados a mulher que pertencia a ela, a sua mulher.
Ana foi capaz de ensina-la que vulgar seria viver a vida de outra maneira. Seria sujo oprimir-se graças às pessoas que se movem ao redor e a maneira mesquinha que elas pensam.
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