quarta-feira, 4 de maio de 2011
Pero no estoy bien también.
Ontem foi tudo nostalgicamente melodramático. Eu desliguei a ligação, eu desliguei a TV. Era madrugada e fazia silêncio. Recostei a cabeça no travesseiro e chorei. Chorei sem soluçar, chorei sem tentar. Só um ser meio encolhido, retorcendo a barriga enquanto chorava e chorava. Eu chorava dor. Consegue compreender? Eu chorava por cansaço e por puro desespero. Por saber que o tempo passa e pouca coisa muda. Chorei porque queria dormir, dormir e só acordar mais velha, mais madura e ao teu lado, na nossa casa sem telefone, distante de tudo e longe de qualquer pessoa que poderia olhar de olho torto caso a gente se beijasse em público. Chorei por não conseguir dormir, nem essa noite e muito menos até quando nós poderemos viver longe de toda essa confusão, ou seja, em paz. Finalmente, em paz! Eu ando quieta quase o tempo todo. Mas não é aquela fase depressiva, onde eu aproveitava o frio, pra abaixar o capuz do casaco e não precisar olhar pra ninguém. A tentação é grande, mas resisto. Não quero deixar de viver. Não quero parar de ver, de olhar, de conversar e até rir. Mas nada faz muito sentido. Nada tem tanta graça assim. O riso é mais uma consequência irrelevante de algo, só mais uma coisa predestinada a acontecer no meu dia a dia. Cansa e é enjoado. Mas eu estou me virando bem. Eu só queria te dizer que nos últimos dias tudo esta meio preto e branco e sem som e com atores ruins. Eu não estou sequer mal. Pero no estoy bien también. Foi como te escrevi em outras cartas... Sem você, nem filme do Jean-Luc Godard fica bom! Perto de você minhas atitudes previsíveis e reflexos racionais não funcionam. Eu só sou a realidade dos fatos que andam calmos, ternos e tediosos. Eu ando assim. Ando muito sem você. Dia e noite, ruas, esquinas... Mar a dentro. Você faz falta e isso só saudade define. Com tudo isso, quero dizer que eu não quero que você venha! É, não quero que venha, nem que vás. Não quero sequer ir e sequer voltar. Eu só queria piscar os olhos e estar em outro corpo, em outro ano, século, milênio... Queria estar em outra vida, fim. Queria estar em outra vida, começo. Queria abrir os olhos pra ver os passarinhos, os cachorros, você! Queria abrir os olhos pra ver as coisas rodarem ao seu redor como lua, ou luas em volta de um planeta. Com tudo isso, quero te dizer que eu não quero essa leviandade das passagens. Dos aeroportos e rodoviárias. Quero concreto, tijolo e azulejo, da casa, do apartamento... Você quer morar comigo debaixo da ponte? Em cima de um arranha-céu? Ir pra chuva sem guarda-chuvas e pra praia sem guarda-sol? Voltar molhada ou queimada, mas comigo? Eu quero! Eu sempre quis! Mas eu quero aquela rotina. Aquele acordar e a anoitecer. Aquele envelhecer juntinhos. Sabe? Não dá mais pra esperar um minuto. Nem aguentar mais uma separação. Não há como se acostumar a perda, mesmo já tendo vivido muitas delas, você apenas supera e fingi esquecer. Eu não quero mais te ver por um breve momento, te beijar, te possuir pra logo depois ser só a recordação. No máximo um cheiro em alguma roupa. Acho que a essa altura, até você que sempre distorce minhas palavras nas brigas, deve entender o que eu estou falando. Estou dizendo que não vou abrir mão e que não vou soltar essa corda jamais. Só estou te mostrando minhas mãos feridas e cheias de calos...
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