Não gosto de beijo na boca. Gosto é de beijar na boca de quem eu amo. Aquelas línguas e bocas se fundindo, se encontrando e se puxando. Querem pra si com tanta posse como se tivessem esse direito. Não é assim que as coisas funcionam pra mim, essa mecanização pre destinada que ocorre entre dois corpos tão naturalmente, tão sem vontade e tesão só por fazer como quem levanta da cama todas as manhãs.
- Quando você me beijava, você sentia vontade de sorrir depois?
- Sim.
- E quando você beija outra pessoa agora, você também sente?
- Sim.
- E o que isso significa?
- Que eu estou bêbada.
E não é que eu seja puritana e permaneça recatada em casa sem encontrar outra boca para encontrar a minha. O álcool me leva aos becos e eu encontro quem não conheço pra uma conversa aleatória. E tudo o que condeno, acontece novamente. Aquela vontade de rir por puro desespero e não sorrir de felicidade. Toda aquela ausência de significado nessas bocas que se contorcem e anseiam pra si o que nunca lhes pertencerá.
- Hoje eu não quero beber.
- Nem eu.
Hoje não haverá beijo de despedida, nem de iniciação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário