quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Pega aí.

Os horários desregrados, a poeira nos móveis, a sujeira no chão e a bagunça na cama. Dormir sentada no chão, com a cabeça recostada no sofá enquanto mancho a blusa de vinho conforme o copo vira mais e mais na minha mão. Soa deprimente para você? Talvez soasse para mim também se anestesiada eu não estivesse. Mas toda essa confusão de noites não dormidas e as cinzas que ocupam todos os copos da casa. Toda essa turbulência que me causa nas suas aparições. Que hora vem, faz uma mini faxina na minha casa e na minha vida, e dorme na cama limpa e arrumada comigo. Já no dia seguinte me culpa por ter te respondido com "oi" ao invés de "olá" e me rouba você. Te tira de mim com uma crueldade vorás. Fico aqui, sem nenhuma noção da hora, encarando o malboro vermelho que esqueceu na mesa de centro da sala e fico me perguntando qual definição melhor encontraria para tudo isso que não fosse loucura. Toda essa entrega que eu faço de tirar o que eu tenho e colocar a sua disposição. Mesmo que você não utilize, pronto, é seu. Como quem atira uma caneta e diz "pega aí", assim, com toda naturalidade do mundo. Quero que meus olhos se levantem e encarem sua aparição entrando na porta e dizendo que eu não preciso te responder. Não preciso opinar em absolutamente nada, que cuidará de mim e da minha casa. Que tentará amenizar a bagunça que causa na minha mente, concertando a desordem do meu lar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário