quarta-feira, 14 de março de 2012

Theresa Dunn.

Eu preciso da culpa, eu preciso da minha consciência em perfeito estado para me manter viva. Isso é só o básico, não é pedir muito. Se dizem que é feio, eu faço e repito três vezes para mostrar do que eu sou capaz. Mesmo sempre me questionando no dia seguinte o real motivo para tamanho esforço. E não há necessidade alguma, talvez pura birra. Coisa de menina que finge que é mulher sob saltos tão altos e maquiagens tão fortes. Não sei quando me tornei amargurada, mas sei que sou mais parecida com Bukowski do que imaginam. Não sobre como tentar esconder as coisas em álcool e tabaco. Mas sim como demonstrar uma pontada de solidão a cada verso que traduz a vida insana de um só homem. No meu caso, de uma só menina. Que brinca arriscando a vida por um pouco de adrenalina. Coloca tudo em risco por uma comemoração fugaz... Logo mais voltarei para casa e segunda trabalharei com a mesma cara de sempre. Aquela camisa de botões fechados e o olhar cansado debaixo dos óculos. Me sinto como a personagem de Diane Keaton em "Looking for Mr. Goodbar" e peço baixinho que meu final não seja tão trágico quanto o de Theresa Dunn. Que bem lá no fundo sou bichinho perdido nessa cidade grande que nos engole diariamente. Não quero aceitar para mim mesma que peço ajuda a cada beco sem saída que me meto. Queria tanto não precisar de mais um copo, queria tanto que todos me enxergassem como os olhos que já me admiraram uma vez. Aquela noite onde ele me encarou e disse "Você é muito mais que isso. Você é incrível. Não por ser a mais linda do local, mas por ser você. Tão inteligente, sagaz e peculiar." Incrível? Então porque todos param só na parte do mais linda? Mais linda e bêbada. Que quase cai do salto antes de se dar ao motivo do arrependimento voraz que baterá na porta amanhã de manhã. Quando encostar os pés descalços e machucados no chão, levantar o corpo cansado com a cabeça explodindo. O cheiro de cigarro no cabelo, a roupa faltando. Muitos motivos para se arrepender e outros que só agradece por não lembrar. Eu estou perdida, procurando aquele olhar.

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