quarta-feira, 18 de abril de 2012
Laranjas.
Era só mais uma madrugada de insônia. Eu sentada na janela fumando meu cigarro e pensando em mil coisas distintas que acabariam em textos de português precário. No fundo, até a minha insanidade é previsível e eu só quero um refúgio para todas as mágoas de uma alma cansada. Cansada de ter fôlego para o que não possuo e nenhum para o que eu tenho que aguentar. Lembro-me então de que meu avô possui um sítio e quando pequena passava as férias lá. Acordando as seis da manhã e ajudando-o com frutas, plantio e coisas do gênero. O que interessa é, ele sempre dizia: "Tire a laranja podre da caixa e todas as outras ficarão bem". E hoje sem motivo aparente, citei algo parecido em uma discussão das tantas que tenho. Não, não estava discutido sobre laranjas. Só fiz uma de minhas analogias excêntricas. Na verdade, falava sobre as relações humanas nos dias de hoje. Sobre como nos tratamos, quando um de nós está danificado simplesmente nos livramos e vamos para outro. Nos transformamos em algo descartável e não reciclável. Aos desajuizados, renegados, diferenciados resta a proliferação de lixo em um canto qualquer sem tratamento. Assim funciona em todos os níveis, desde como o governo lida com um viciado a como agimos naturalmente uns com os outros. Nos afastamos e ignoramos como laranjas podres. Desistindo tão facilmente dos problemas que somos e possuímos. Não há esperança diz a placa de siga. Não há futuro para quem não se encaixar nas boas laranjas. Apodreceu, já era!
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