quarta-feira, 18 de abril de 2012

O direito me foi concedido.

- Você não tem o direito de fazer isso. Põe minha vida de cabeça para baixo, aí aparece alguém que limpa a sujeira que você fez. E você volta. Como assim?
- O direito me foi concedido.
- Eu não te deixei fazer isso. E se deixei, hoje não deixo mais.
- Tarde demais. Não?
- Não!
- Acho que você deveria ter essa conversa consigo mesma. Porque o problema não está em eu não prestar e sim en você me amar.
- Mas eu também não presto e você também me ama.
- Sim. Acontece que eu não vejo problema nenhum nisso. Até prefiro, acho que nenhum outro entenderia ou aguentaria isso que nós temos.
- Essa doença? É, nós dividimos esse mal.
Ele a puxou pela cintura, colou sua testa na dela e encarou seus olhos. Com um sorriso de canto soltou junto ao hálito quente.
- Mas o sexo é gostoso.
Riu encostando a cabeça dessa vez em seu ombro, virando-a e cheirando seu pescoço. Desceu a mão e apertou sua bunda. Afastou e encarou-a novamente. Ela pôs a mão em seu peito, empurrando-o. Também riu deslumbrando o descaso debochado que ele demonstrava. Então ele ficou sério, atravessou o espaço entre eles com as mãos e pegou nos ombros dela.
- Escuta! Eu cuidaria de você. Eu sempre estive aqui para cuidar de você. Mas você escolheu ir, você sempre escolhe sair por essa porta depois do sexo. Não fui eu que estabeleci anteriormente essa relação. Você a faz cada dia de uma forma diferente por livre loucura dessa sua cabeça doente. Eu não te mato, você se mata. Porque meu peito está aqui para tantas coisas que você não tem porque não vem.
- Não vou?
- É. Não vai. Você só vai para a minha cama, deita com aquela pose de mulher auto suficiente e sai achando que está tudo resolvido na sua vida porque alguém te fez gozar.
- Sempre foi assim.
- Então o que você está questionando? Tudo o que você quer, você tem e ainda assim nunca está satisfeita. Aí o mal de ser tão gostosa, inteligente e todo o caralho a quatro que você se gaba de ser. Não encontra alguém a sua altura.
- Eu o encontrei.
- E não está sabendo aproveitar.
E também não soube responder, desajeitou-se, desconcertou-se e se pôs de frente a ele. O abraçou forte e subiu em seu colo, cheirando seu pescoço. A voz dele, mesmo rouca saiu calma:
- Você não tem o direito de me fazer ceder tão fácil...
- O direito me foi concedido.
Os dois riram enquanto ele caminhava com o corpo dela em seus braços até o quarto.

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