quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Última carta.

Tempos atrás comecei a escrever a ultima das cartas para esse amor. Pensei não ter mais nada a ser dito desses cacos pontiagudos que nos tornamos. Que a ultima carta diria absolutamente isso, o nada em que vivíamos até termos coragem o suficiente para levantarmos e procurarmos algo melhor. Sem saber porque, me faltou criatividade bem depois da terceira linha, quando eu comecei a justificar o porque de ser realmente a última vez que declamava qualquer coisa que fosse sobre esse sentimento moribundo. Você me apareceu, revogou a casa que não era mais sua, montou uma bela lona de circo para fazer seu espetáculo nem um pouco aplaudido. Quis ver as cartas, como se eu as tivesse escrito. Mas sequer a carta das ultimas cartas eu tinha acabado. Fez questão de esfregar na minha cara, todos os rodapés escritos nas páginas do livro que me deste. Se indignou com cada papelzinho rasurado e molhado que escrevi em mesa de bar para outro coração partido. E você lá tem todo esse direito? Quando deixou meu coração na mão, machucado, rasurado, enrolado numa folha de papel suja com o resto do nosso amor, sequer pensou nisso? E todas as outras, que poderiam montar um caderno, um livro. Algo sagrado para mim, que deveria ser para nós, você queimou, tacou fogo. Na casa, na vida, na bíblia. Em mim. Viva em meio as chamas do que inferno que fizeste. Quem não volta sou eu. Porém, aqui de longe, ainda escrevo cartas e mais cartas sobre você.

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