quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012
Perdão por matá-lo.
Talvez esse seja o sonho de quase todas as mulheres. Com certeza em sua maioria, mesquinhas. Sonham sobre a submissão masculina e o poder supremo. Algumas amigas diziam ser bonito ver um cara como ele me ligando diariamente. Parando de fumar, bebendo menos, agindo como um pai de família. Como se eu pedisse isso dele, como se eu não bebesse muito, como se eu também não fumasse. Corrigir um homem não estava nos meus planos, mas confesso que foi boa toda a evolução que tivemos juntos. Como foi bom vê-lo largando as drogas mais pesadas e tomando um mínimo de juízo. Confesso que esse embalo de romantismo dele comigo foi de uma formosura particular e surpreendente. Tê-lo durante tantos anos nessa vida a dois foi melhor do que qualquer previsão feita por nós ou cartomantes. Fomos além do que os signos diziam. Fomos além da razão e da paixão. Fomos além do cabível, do natural, do normal. Para cada amor demasiado amor, uma punição pra tamanha extravagância. Te pus de joelhos, te fiz chorar, gritar até o vizinho do outro andar ameaçar chamar a polícia. Acabei com tua honra de homem, de mulher, de ser humano. Te fiz encher a cara e já semi inconsciente recorrer a outras drogas. E não é sobre a fraqueza de um homem e sim como uma mulher transformou um homem em um fraco. Para toda a bondade, caridade e felicidade que trouxe aos seus dias coloridos de primavera. Um turbilhão infernal no inverno que assola por debaixo da porta. Permanece no rodapé que rodeia todos os cômodos e te lembra que dias atrás meus passos estavam por ali. Você ainda os escuta? Eu não queria. Eu não queria estar aqui, eu não queria andar por aqui. Eu não queria matar um homem como eu te matei. Estrangulando teu orgulho e tua esperança, por simplesmente tirar dele seu bem mais valioso. O amor. A ausência de fé em um novo amor, a expectativa desse amor que foi a zero. Eu não só matei o amor, eu o matei. E eu peço perdão como se pudesse realizar o irrealizável. Devolver o que eu não posso dar. Sabe o que eu aprendi na faculdade de Direito que comecei logo depois que terminamos? Que a justificativa pela não aceitação da Pena de Morte é: Não cabe ao homem tirar aquilo que ele não pode repor. E fiquei me perguntando se cabe a mim, sua ex mulher, deixar todos os seus bens materiais e levar comigo a unica coisa que você realmente precisava, a sua vida.
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