terça-feira, 5 de junho de 2012

Mais do que deve.

Os lábios imprensam as palavras que penso. Sinto sua falta. A quase todo o momento do dia imagino suas pernas magras deitadas na cadeira da frente enquanto você arruma o cabelo e me olha. Pergunta o que aconteceu e eu nego com a cabeça. Costumava ser sempre assim. Enquanto cantarolava alguma música do Legião Urbana. Eu um pouco jogado no sofá da sua casa, andando de um lado para o outro, tentando cozinhar, lendo seu livro de filosofia ou no terraço bêbado xingando Deus. Acho que vivi metade da minha vida entre aquelas poucas paredes ao longo desses poucos - porém longos - meses. Sempre que vejo uma oportunidade, aperto o andar errado do elevador e vou parar em frente a mesma janelinha, com os olhos te procurando até você também me encarar. Normalmente alguém sempre me aponta e diz que estou lá atrás de você. Mais uma vez. Vou ao mesmo lugar de sempre, sento e permaneço balançando os pés, tento acompanhar e imitar sua posição. Escuto sem saber bem o que dizer, e enquanto finjo, imagino seu corpo nos meus braços e minha língua entre suas pernas. Te abraço com as mãos na sua cintura quase a empurrando na parede e sugando seu pescoço. Te dizendo que há, mulher, você é tão minha. E eu já sou tão seu, mesmo relutando e apertando o botão certo, indo parar no meu andar, sem xingar Deus no terraço do seu apartamento ou sem encarar sua face alcoolizada que suplica por um beijo que eu também quero te dar. Controlo cada gesto em um olhar que sempre quer dizer mais do que pode. Mais do que deve. Eu sempre repito a frase do Gabito "Você merece é ser lambida." E é por mim, mulher.

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