segunda-feira, 30 de julho de 2012

Bip

Bip, bip, bip, ou seja lá qual barulho irritante esse telefone faz. Os dedos fortes no contraste do teclado que grita em um barulho tão incomodo quanto a voz da secretária que tagarela inutilidades e falsidades sob o telefone que repete o bip bip bip dentro da minha cabeça. O cenário completo é um caos que ressalta minhas olheiras profundas de quem fingi dormir e não consegue descansar. Sonho em tirar folga de mim, do bip bip bip, da secretária, do teclado de computador, mas acabo sempre na mesma cadeira, escondida entre os prédios e persianas que não me permitem ver sol alaranjado de inverno. Engolindo a seco a preguiça de lutar, de tirar o telefone da parede, de quebrar o computador, de demitir a secretaria. Que jeito a gente há de achar se só espera melhorar e deixa de lutar? Resmunga uns palavrões e diz pra si mesmo que amanhã vai sair pra pedalar e esquecer o trabalho? E o tal amanhã chega, mas você não dorme e todo o mês se transforma em um dia longo que não te acrescentou em nada. Esse comodismo diário que me afasta de você, também me afasta de mim mesma, enquanto o bip bip bip ecoa permanentemente dentro de mim.

Nenhum comentário:

Postar um comentário