quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Lua.

"Se eu tivesse escolha eu não conviveria comigo, eu não me suportaria nem por um momento, muito menos 24 horas por dia, achando que minha cabeça irá explodir em casa milésimo de segundo. Eu não poderia descrever como é ensurdecedora a gritaria que ecoa aqui dentro. O que posso te afirmar com toda certeza é que toda droga, liquida, injetável ou em pó, em todas as quantidades, nenhuma delas é forte o suficiente para que isso pare. Os assuntos mudam, e o tom da voz também, mas nunca se cala. Enquanto eu durmo, corro, tomo banho ou como a minha mulher, a voz esta ali me dizendo coisas que eu não quero ouvir e das quais eu estou pouco me fodendo!"

Não sei porque estou escrevendo isso. Amasso mais uma folha de papel e a jogo de encontro a outras tantas em cima do tapete.
Olho para o relógio e ainda são 4 da manhã. Acendo um cigarro, bebo mais um pouco e puxo uma cadeira. Sento no meio da varanda, a garrafa de bebida ao lado, o cigarro na boca e antes mesmo de tira-lo, já começo a falar:
- Lua. Luabela. Lualinda. Luanda. Lua. Luana.

Jogo a cabeça pra trás a ponto de ver a mesma sala de sempre, a desordem, os papeis, os livros, as bebidas, a poeira... Estou fedendo. Fedo a cigarro. Fedo a solidão. Levanto, caminho, sento, ligo e desligo a tv, o rádio, encontro tudo no seu perfeito estado e no seu devido lugar. Menos a mim mesmo. Estou na lua, de castigo.

Não há propaganda na TV, ou matéria na revista VEJA de como a lua possui um magnetismo na cabeça e no corpo de certos homens. De como ela pode ser perigosa e dolorosa e até mesmo venenosa. Ela intoxica, corrói, destrói... Vejo o rosto da Lua sorrindo agora pra mim, tão sarcástico quanto de costume.

Em meio a esses pensamentos, e aí a parte da cabeça que não cala a boca, já estou no banho, olhando pra luz elétrica e vendo a lua...

Volto para a sala, sento na mesma mesa e escrevo o último registro de hoje, que pode ser um epitáfio ou só mais um rodapé inútil de livro escolar...

"Lua, em cima da minha cabeça ou debaixo do meu corpo...
Lua que se transforma em luar, que me faz cantar, delirar, sussurrar...
Lua, menina, mulher, maravilhosa e esplendorosa...
Lua, No auge de sua magnitude, olhe para baixo e encontre dois faróis, olhos meus que refletem tua luz e mesmo sem te ver, nunca deixam de brilhar. Olhos de um homem debilmente, terrivelmente, vergonhosamente... apaixonado!"

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