Me chamou e só faltou me por sentado. Me olhava debaixo com olhos famintos, curiosos e outras várias sensações e sentimentos que eu mal conseguia reconhecer. Eram tantas expressões juntas formando seu rosto nesse exato momento que eu sentado, calado, continuei.
- Você precisa me escutar.
Meu rosto debochado respondeu por mim.
- Eu sei que andei errando e errante, sei que indiretamente e injustamente te fiz mal. Por longos momentos esqueci que não sou mais só um corpo, nem sequer sou só mais uma alma. Eu me comprometi quando resolvi estar do seu lado. Entender que qualquer coisa que eu faça a mim mesma, na verdade estarei fazendo a nós dois...
Ela falava rápido, engolindo as palavras em quase lágrimas e nervosismo. Suas mãos trêmulas agarraram meu rosto, logo as tirei com uma das minhas e continuei a encará-la. Meu olhar soberano e seus lábios de desespero que me invadiram como um furacão. Novamente o choque e a eletricidade que me corria as veias. Minhas mãos se agarraram a sua cintura e seus lábios já fundidos aos meus, me puxavam querendo para si o que lhes pertencia. Ela sorria com um misto de sensações e sentimentos, seus olhos reluzentes se fecharam quando o corpo bateu de encontro a parede fortemente e ferozmente. Hora depois as lágrimas invadiram o contexto, dessa vez não era resultado de mais uma briga, nem nada do gênero. Havia dor sim, mas era outra. Uma dor de prazer que lhe corroía conforme ela se contorcia na cama. Sentei de pés no chão e acendi um cigarro enquanto seu choro quase silêncio tomava todo o ambiente. A olhei e ela sorriu vermelho com os olhos até que então voltou a despencar-se sobre o colchão. Permaneci a admirando sem nenhuma condolência. Mais que desejado, eu era necessário para causar tudo isso. A compaixão era completamente desnecessária, ela já havia dormido.
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