sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Últimas visões.

Gastamos nosso dinheiro guardado com as viagens que queríamos fazer, admiramos todos os lugares em suas formas e cores. No nosso quintal, os momentos debaixo do pé de ipê amarelo foram os melhores da minha vida. Todas aquelas nuances e aqueles repetitivos sóis se pondo refletiam no seu olhar que admirava tudo como se fosse a última chance. Até que um dia em qualquer estação as coisas ficaram permanentemente negras e todos aqueles momentos que olhamos o mesmo ponto, e todas as vezes que me protegia dos tropeços e quando ria das minhas caretas, viraram boas lembranças como a arvore seca de ipê no fundo da casa. No começo, quando suas mãos não estavam nas minhas e eu o guiava pela casa até você se cansar e nós aprendermos a lidar com essa nova situação. Mesmo nunca podendo se estar preparado para algo assim, já estávamos consolados para a escuridão. Tanto estávamos que agora, meus olhos permaneciam todo o tempo fechados para eu sentir tudo o que ele sentia a partir do momento que perdeu a visão.

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