quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Foda-se.

Ela tinha os traços lindos e era tão peculiar os contornos que sua boca fazia quando sussurrava qualquer sacanagem no meu ouvido. Eu revesava entre o gosto de porra e de vodca na minha boca. Independente da noite passada, eu sempre acordava com o mesmo cheiro de cigarro no cabelo que contaminava o travesseiro e só não empestiava a cama, porque essa já tinha muitos outros cheiros. Mexia e revirava o cabelo, negando com a cabeça quando eu cruzava as pernas. Todo aquele alvoroço particular e quieto que estávamos fazendo nessa mesa de bar. As pernas que se cruzavam debaixo da mesa enquanto eu ria baixinho como se você tivesse me contado uma piada. Longe disso, tinha dito que queria dar pra mim. Apertei forte sua cocha e foi a minha vez de negar com a cabeça. Entre muitas pernas onde já me enfiei, entre muitas bocetas que fodi. Você sempre foi a que mais rebolou e se contorceu pelos meus dedos e língua. Ou era a imagem de ter ver ali tão minha, que me dava mais tesão do que qualquer outra admiração. E se nada importava, porque amanhã serei só eu e esse cheiro fétido. Agora nada mais importava porque eu estava a acordar na sua cama. Tão mais limpa e aconchegante como se fosse o meu lugar. Era assim a casa, era assim você. Tão aparentemente minha, que eu quase chegava a acreditar. Mas eu me levantei, vesti minha calça jeans e minha camiseta furada. Tive todo cuidado do mundo ao fechar a porta lentamente para não perturbar seu sono tão tranquilo. E voltei pra casa estampando um sorriso. Foda-se se eu não gosto de Malboro e meu quarto fede a ele e um resquício de maconha. Foda-se se o gosto da vodca não me sai da boca e minha cabeça lateja pedindo aspirina. Foda-se porque a fodi. E que se foda se estou sendo escrota, sapatona, maconheira, viciada. Tudo vale a pena, se fui eu, desse meu jeito que fez ela gemer meu nome daquela maneira.

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